quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

AS MULHERES ESTEJAM CALADAS NAS IGREJAS..

1ª.Co: 14: 34 as mulheres estejam caladas nas igrejas; pois não lhes é permitido falar, mas estejam em sujeição, como também diz a Lei. 35 Se, porém, querem aprender alguma coisa, perguntem-na em casa a seus maridos; porque é vergonhoso para uma mulher o falar na igreja.

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Prezadas irmãs e colegas pastoras
            Tem sido muito bom escrever estes post  pois sou desafiado a estudar os textos bíblicos novamente.Descubro novas coisas, confirmo as conclusões anteriores, modificam-se outras. No entanto, nada me fez mudar  a respeito do pastorado feminino. As práticas do culto, as culturais e sociais vão mudando e por isso devemos procurar nas Escrituras e especificamente no Novo Testamento como estas práticas são avaliadas pelo texto bíblico. Há situações que  não foram cristalizadas ou encerradas num axioma eterno.Estas precisam serem estudadas sempre. Isso valoriza a palavra de Deus e ainda confirma que a Palavra é viva.
            Temos agora outro texto que sobejamente é usado para orientar às mulheres a não exercerem um ministério público de ensino ou o ministério pastoral. Este  texto  paulino me faz lembrar o inicio da minha carreira cristã. Embora jovem, eu  entendia, à luz deste texto que a mulher devia sempre estar calada. Mas como faz bem o estudo da palavra, pois foi o estudo da Palavra que me conduziu a entender o ministério feminino e especificamente o ministério pastoral. Entendi que este texto não me  orientava a ser um repressor do ministério feminino e especificamente pastoral. Então vamos dar uma olhada neste texto. Esta análise será um pouco mais longa
            Paulo orienta o culto na cidade de Corinto. Cidade cosmopolita, com suas diversas religiões de mistérios, diversos deuses, e  o famoso templo no Acrocorinto onde as sacerdotisas sexuais praticavam os seus cultos. Por outro lado estavam a sinagoga judaica com a sua ordem de culto programada e pautada pelo rígido controle e ao mesmo tempo com os seus oficiais religiosos. Destes dois mundos religiosos a novel igreja cristã recebe os seus membros nascido de novo. Não se pode negar que esta igreja precisava de orientação litúrgica. A crise que os cristãos poderiam estar vivendo quando cultuavam. Cristãos convertidos e vindos das Religiões de mistério e outros das sinagogas. Numa religião a ênfase é o êxtase, as emoções, o descontrole, a desordem, gritaria. Na outra  é o excesso de cuidados, a sistematização, silêncio
            Destaquemos alguns pontos: Primeiro, o texto é uma  orientação do culto de adoração e não de alguma hierarquia eclesiástica. Noutras palavras, o texto não trata a questão ministério pastoral feminino. É uma orientação  para que a congregação  saiba como se comportar no culto especialmente as mulheres casadas
            Segundo, o texto não fala sobre pregação, ensino ou outro ministério especifico. Neste texto,Paulo não proíbe a participação da mulher no culto, pois em 11: 5 o mesmo  orienta como a mulher deve “orar e profetizar”. O Léxico de Strong afirma que profetizar é ensinar, admoestar, repreender, consolar,, noutras palavras aquilo que toda pregação deve ter como alvo. Então é simples concluir que a mulher pode pregar/ensinar. Geralmente estas ações são tidas como  parte da função pastoral
            Terceiro, é necessário transpor o abismo cultural, pois a cultura  na cidade de Corinto tem seus diferenciais. Entendemos por cultura o ‘ambiente artificial e secundário’ que o homem sobrepõe ao natural. Ela abrange a linguagem, hábitos, idéias, crenças, costumes, organização social, artefatos herdados, processos técnicos e valores. Assim toda cultura tem os seus traços divinos e diabólicos. Estes traços podem ajudar a espalhar ou impedir a pregação do evangelho e do Reino de Deus. No texto de Corinto está havendo a “regulamentação” do culto  na Igreja de Corinto, pois havia um problema cultural
Imaginamos  que os cristãos poderiam estar vivendo dificuldades quando cultuavam. Possivelmente  na carta que a igreja enviou a Paulo, tenha pedido orientações para solucionar esta situação. Cristãos convertidos e vindos das religiões de mistério e outros das sinagogas. Numa religião a ênfase é o êxtase, as emoções, o descontrole, a desordem, gritaria. Na outra  é o excesso de cuidados. As mulheres do Acrocorinto eram as sacerdotisas e comandavam a adoração. Na sinagoga o judeu orava agradecendo a Deus por não ter nascido mulher e os homens eram os que  organizavam os rituais. Você pode imaginar as dificuldades no culto?
Agora se pode começar a entender a orientação de Paulo na igreja. A  igreja cristã era influenciada fortemente pela sinagoga. A mesma seguia o modelo mais conhecido por Paulo que era da sinagoga. Foi de lá que vieram os primeiros convertido. Foi neste modelo que nasceram os cristãos gentios
 A sinagoga dividia os adoradores por meio da mechitza. Estas divisões forneceram uma separação com o objetivo dos adoradores evitassem as muitas distrações possíveis. Era uma divisória que separava os adoradores por sexo e não se confundir nas orações fruto das distrações  Acredita-se que o costume da separação entre sexos na sinagoga é derivado do culto no templo. A sinagoga tomando como base os ensinamentos da Torá, homens e mulheres não oram juntos. Isso se reporta à época do Templo Sagrado, quando havia seções separadas para homens e mulheres. Hoje é  impossível  encontrar uma mulher judia de formação ortodoxa que se recuse a orar com uma mechitzá, divisória. Já arriscou perguntar a um rabino qual é a verdadeira razão desta divisória? A resposta pode ser interessante. Este rabino dirá que as mulheres foram criadas com uma sensibilidade espiritualmente aguçada. Possuem um poder de concentração nato. E pasme: a mechitzá foi criada para os homens, não para as mulheres!. Segundo os rabinos as mulheres tiravam a concentração dos homens. Isso acontece até hoje http://www.artisansofthevalley.com/bi_rl_mechitza.shtml
A luz deste contexto cultural  imagine as mulheres numa  reunião (assembléia) cristã onde elas estavam separadas. Onde os “ eventos” do culto aconteciam exclusivamente entre os homens e elas agora com uma “ situação privilegiada”  da liberdade desta nova comunidade,  “ causam desordem”  pois elas desejam aprender a respeito do que acontece na liturgia. É este desordem que Paulo precisa orientar. Realmente as mulheres faziam “desordem” pois queriam aprender e as perguntas eram feitas durante o culto. Por isso o texto afirma 14 34-"permaneçam as mulheres em silêncio nas igrejas, pois não lhes é permitido falar; antes permaneçam em submissão, como diz a Lei."35-"Se quiserem aprender alguma coisa, que perguntem a seus maridos em casa; pois é vergonhoso uma mulher falar na igreja."
            Quarto,  A qual Lei Paulo se está referindo? Está relacionada ao Gênesis? Mas ali a questão é marido e mulher como família e não como “ organização de culto”.  E as mulheres solteiras ou viúvas? Porque não há uma orientação clara. A resposta simples – a cultura local vai responder. Siga-se o costume
            Quinto, é  possível que Paulo esteja aqui citando a carta que a igreja estava enviando a respeito de diversas questões. Veja que o texto diz “pois não lhes é permitido falar;”  e não “ eu não permito que as mulheres falem”, como em outros textos de orientação prática.  Além do mais o texto que diz pois não lhes é permitido falar; pode se referir a um tipo de “ tagarelice” e não ao ato de “ profetizar”, pregar ,ensinar. Quando Paulo trata esses “atos pastorais” o apóstolo usa as palavras tecnicamente já conhecidas. Entendemos que neste caso é um momento de desordem por parte das mulheres. Por estarem separadas dos seus maridos por causa da divisória. Elas queriam perguntar algumas coisas com relação ao que estava acontecendo veja que o texto diz:  Se quiserem aprender alguma coisa, que perguntem a seus maridos em casa.  Eu imagino uma grande confusão no culto, tanto pelo alvoroço provocado pelos questionamentos das mulheres, e também não se pode esquecer que de outros tumultos fruto das “ manifestações carismáticas”. Basta ler o contexto do texto
           Sexto,  alguns afirmam e eu  tenho visto que a mulher não pode ensinar na igreja e que esta deve estar calada  em submissão ao seu marido e  assim  não pode falar na igreja. Embora que submissão ao marido  não rouba o direito da mulher ensinar ou falar na igreja. Mas observemos que este texto de orientação litúrgica  começa em 1a. Coríntios 11 mostra que a “mulher profetiza” (11:5). E ainda a orientação é que esta “profetiza” fale (14: 29 31). Pergunto, será que esta orientação que “falem dois ou três” é somente para homens. Se a mulher é profeta, é lógico que pode falar. E o texto ainda amplia o ministério da mulher, pois o profeta tem a autoridade de julgar a profecia (14:29). Então cabe perguntar: A  profetiza  pode “julgar” o profeta? . Noutras palavras aquele que  emite um juízo tem “autoridade” sobre o profeta?
            Concluindo, então a barreira do silêncio feminino na igreja está derrubada. A mulher como profeta pode trazer “a vontade de Deus” para o Seu povo e aqueles que devem ouvir são homens e mulheres. O preconceito não  pode limitar os dons espirituais e habilitações divinas entregues as irmãs. Por isso diante da caminhada cristã a igreja cumpre o seu papel de reconhecer os “dons e ministérios”que o Senhor da Igreja deu a Sua igreja independente de gênero.
            Na caminhada cristã e ministerial das colegas pastoras haverão sempre barreiras que são derrubadas. Isso é sinal de sucesso.
A graça do Senhor seja sobre os nossos ministérios. Abraços do seu colega e amigo
Pr. José Miguel M. Aguilera - Deixe o seu comentário ou  Contatos CLICK AQUI -
           

 

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

UM TEXTO FORA DE CONTEXTO QUE VIROU PRETEXTO


 1ª. Tm: 2:11 A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição. 12 Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio. 13 Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. 14  E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão. 15 Salvar-se-á, porém, dando à luz filhos, se permanecer com modéstia na fé, no amor e na santificação.
Prezadas pastoras
Com certeza este texto supracitado deve ter sido usado centena de vezes para questionarem seu ministério e oficio pastoral. Imagino como foi o bombardeio de idéias e criticas nada caridosas. E eu sei que isso deve acontecer até hoje.
Confesso que este foi um texto que me impedia aceitar o ministério feminino, especialmente quando se relacionava ao ministério pastoral. Mas quando fui convidado participar num debate, onde eu defenderia o pastorado feminino, o meu medo acabou. Após estudos e oração cheguei a uma total convicção de que a mulher também pode exercer o pastorado. Neste e nos próximos post estarei tratando este texto e outras questões sobre o tema. Espero ser coerente no método hermenêutico, seguindo pressupostos claros  e o mais próximo dos contextos: histórico, lingüístico, gramatical, teológico,social, cultural etc. Isso deve ser feito pois a maior falácia na exegese, segundo D. Carson é o uso de uma palavra isolada do seu contexto geral.
O pesquisador bíblico deve fazer a primeira pergunta ao texto: Qual foi a possível compreensão que o primeiro ouvinte ou leitor teve quando se encontro com esta orientação? Qual foi a compreensão do “primeiro leitor” quando leu o texto pela primeira vez? Para achar a resposta,  se requer um pouco  de esforço para  observar os círculos hermenêuticos da compreensão do texto; visto que o texto  não foi escrito primeiramente para o leitor do século XXI Então avancemos
Primeiro, o texto nada diz a respeito da função pastoral, de algum  tipo de liderança ou de alguma atividade cúltica congregacional.  Embora trate de exercícios espirituais estes não são atos exclusivos das  reuniões cúlticas
Segundo, O versículo  12  na sua estrutura literária paulina é um parênteses . Também temos neste texto um quiasmo (Cf Tyndale Bulletin 44.1 (1993) 129-142.). Isso  fica mais claro na leitura do texto grego. Este dá  a entender que a ênfase do texto não está no ensinar mas que a mulher deve aprender da parte do marido. Por isso  não trata a questão da “autoridade de liderança eclesial”.  Se assim fosse a mulher não ensinaria  nem lideraria em nenhum lugar nem mesmo as mulheres.
Terceiro, Deve ser observado o contexto anterior, neste caso os  textos 2:3-7. O tema é soteriológico e não eclesiológico. O versículo 15 também trata uma questão soteriologica de difícil interpretação. As versões modernas colocam como cabeçalho alguns temas eclesiológicos os quais o texto não trata. Sabemos que Paulo escrevia cartas literárias e não textos divididos por capítulos e versículos. Esses cabeçalhos conduzem o leitor equivocadamente nalgumas interpretações como é neste caso
Quarto, Sendo o assunto  ligado a soteriologia e  também desde o inicio Paulo esta falando de “falsos mestres”; “falsos ensinos” (1:3-4) então deve ser procurada a interpretação do texto supracitado nesta vertente de ensino soteriológico na igreja o relacionado. com o problema da cidade e da igreja. O texto paulino deve ser entendido à luz do contexto apologético que Paulo trata e não de questões de "autoridade pastoral"
Desta forma o texto deve ser entendido  relacionado-o  aos ensinos gnósticos  que eram pregados na cidade de Éfeso. Ao mesmo tempo sem esquecer a participação do ensino e aprendizado das mulheres no mundo  gnóstico e das religiões de mistério. Desta forma haverá mais luz na  compreensão do ensino paulino relacionado a mulher neste texto. Como foi dito o texto  não trata de  questões de liderança e de oficio pastoral.
Quinto, Geralmente a discussão tem sido focada exclusivamente no uso da palavra “autoridade”. Embora toda palavra deve ser entendida dentro da construção duma frase é importante afirmar que o NT grego usa diversas palavras que na língua portuguesa são traduzidas como “autoridade”. A palavra usada aqui não é usada noutro lugar do NT grego e o seu uso é raro no grego clássico. Isso também deve ser considerado. Por que este hapax legomena? Este ponto será tratado noutro post
 Concluo que aqueles que usam este texto para se opor ao ministério pastoral da mulher estão usando texto fora de contexto e assim  têm um pretexto para não ordenar mulher na função pastoral. Lamentavelmente o tradicionalismo religioso tem cegado muitos cristãos na compreensão exegética da bíblia. Arvorando-se como aqueles que obedecem as Escrituras Sagradas esquecem-se dos abismos hermenêuticos que existem na leitura e interpretação dos textos.
Desejo as minhas colegas pastoras sucesso na empreitada ministerial. Esta já é difícil no mundo contemporâneo. Porém, é mais triste  quando os obstáculos advém do mesmo lado. Sucesso e vitorias
Pr. José Miguel Aguilera
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domingo, 6 de dezembro de 2009

CARTA ABERTA AS PASTORAS DE IGREJAS BATISTAS DA CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA

Prezadas irmãs
Tenho visto, lido e analisado a luta que as irmãs e pastoras do rebanho de Deus vivenciam hoje. Também observo a deselegância com que pastoras têm sido tratadas por alguns pastores batistas diante do ministério pastoral que as irmãs exercem. Como pastor batista, aprovado, ordenado pela igreja e por um concilio, sinto-me incomodado pelo que as irmãs vivenciam atualmente no desenvolvimento do ministério que o Senhor da Igreja lhes confiou. Por isso decidi escrever estas linhas para que de alguma maneira, mesmo que mínima, as irmãs sintam e vejam que há um grande numero de pastores batistas da CBB (Convenção Batista Brasileira) e tenho certeza que é a maioria, pois isso é comprovado pelas seções estaduais da OPBB (Ordem dos Pastores Batistas do Brasil) que aprovam o ministério pastoral da mulher.
Fruto de uma interpretação bíblica xiita, fundamentalista, alguns pastores batistas rejeitam o ministério pastoral da mulher. No estrabismo teológico, estes colegas, não conseguem enxergar e muito menos interpretar o texto bíblico dentro do seu contexto histórico e social e trazer para o século XXI a sua aplicação. Preferem e desejam continuar a viver o primeiro século na vida das igrejas, especificamente o mundo patriarcal e social da primeira geração de cristãos. Mas também deveriam ensinar e praticar a distribuição dos bens que a igreja vivenciava nesse tempo, uso do véu, o silêncio total das mulheres na igreja. Mas nestas questões se aplicam a famosa frase, “esse é um texto histórico e que se aplica à aquela época”. Esta é uma hermenêutica dúbia e interesseira. A rejeição do pastorado feminino segundo os seus oponontes tem como objetivo manter um padrão bíblico, mas na realidade estes desejam manter o domínio masculino e subjugar o florescente, dinâmico e gracioso ministério do pastoreio que as irmãs exercem. Sem dúvidas, estão com medo
Como pastor batista (28 anos)e membro da uma igreja batista da CBB, que é cooperante com os desafios denominacionais; animo as irmãs a continuarem na sua luta. As irmãs foram reconhecidas pela igreja local, que está inserida na CBB, logo as irmãs são pastoras batistas de igrejas da CBB com amplo direito de serem convidadas a exercerem o ministério pastoral em qualquer igreja batista da CBB que assim desejar ter uma pastora.
Como pastor e colegas das irmãs as incentivo a continuarem no desenvolvimento do seu ministério pastoral sob a égide do Espírito Santo. Rogamos a Deus que aqueles que se opõe ao ministério pastoral feminino venham um dia a estender a destra de comunhão. E que estes consigam se libertar do medo de perder um pseudo poder, perder o destaque e ainda consigam descer do palco da soberba e aprendam com o Senhor da Igreja que ama a todos e que Ele como cabeça da Igreja ensinou que não há homem nem mulher no seu Corpo mas servos do Senhor que são chamados a servir e não dominar
Na graça do Senhor e no caminho do Reino de Deus.
Até breve
Pr. José Miguel M. Aguilera
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