1ª.Co: 14: 34 as mulheres estejam caladas nas igrejas; pois não lhes é permitido falar, mas estejam em sujeição, como também diz a Lei. 35 Se, porém, querem aprender alguma coisa, perguntem-na em casa a seus maridos; porque é vergonhoso para uma mulher o falar na igreja.
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Prezadas irmãs e colegas pastoras
Tem sido muito bom escrever estes post pois sou desafiado a estudar os textos bíblicos novamente.Descubro novas coisas, confirmo as conclusões anteriores, modificam-se outras. No entanto, nada me fez mudar a respeito do pastorado feminino. As práticas do culto, as culturais e sociais vão mudando e por isso devemos procurar nas Escrituras e especificamente no Novo Testamento como estas práticas são avaliadas pelo texto bíblico. Há situações que não foram cristalizadas ou encerradas num axioma eterno.Estas precisam serem estudadas sempre. Isso valoriza a palavra de Deus e ainda confirma que a Palavra é viva.
Temos agora outro texto que sobejamente é usado para orientar às mulheres a não exercerem um ministério público de ensino ou o ministério pastoral. Este texto paulino me faz lembrar o inicio da minha carreira cristã. Embora jovem, eu entendia, à luz deste texto que a mulher devia sempre estar calada. Mas como faz bem o estudo da palavra, pois foi o estudo da Palavra que me conduziu a entender o ministério feminino e especificamente o ministério pastoral. Entendi que este texto não me orientava a ser um repressor do ministério feminino e especificamente pastoral. Então vamos dar uma olhada neste texto. Esta análise será um pouco mais longa
Paulo orienta o culto na cidade de Corinto. Cidade cosmopolita, com suas diversas religiões de mistérios, diversos deuses, e o famoso templo no Acrocorinto onde as sacerdotisas sexuais praticavam os seus cultos. Por outro lado estavam a sinagoga judaica com a sua ordem de culto programada e pautada pelo rígido controle e ao mesmo tempo com os seus oficiais religiosos. Destes dois mundos religiosos a novel igreja cristã recebe os seus membros nascido de novo. Não se pode negar que esta igreja precisava de orientação litúrgica. A crise que os cristãos poderiam estar vivendo quando cultuavam. Cristãos convertidos e vindos das Religiões de mistério e outros das sinagogas. Numa religião a ênfase é o êxtase, as emoções, o descontrole, a desordem, gritaria. Na outra é o excesso de cuidados, a sistematização, silêncio
Destaquemos alguns pontos: Primeiro, o texto é uma orientação do culto de adoração e não de alguma hierarquia eclesiástica. Noutras palavras, o texto não trata a questão ministério pastoral feminino. É uma orientação para que a congregação saiba como se comportar no culto especialmente as mulheres casadas
Segundo, o texto não fala sobre pregação, ensino ou outro ministério especifico. Neste texto,Paulo não proíbe a participação da mulher no culto, pois em 11: 5 o mesmo orienta como a mulher deve “orar e profetizar”. O Léxico de Strong afirma que profetizar é ensinar, admoestar, repreender, consolar,, noutras palavras aquilo que toda pregação deve ter como alvo. Então é simples concluir que a mulher pode pregar/ensinar. Geralmente estas ações são tidas como parte da função pastoral
Terceiro, é necessário transpor o abismo cultural, pois a cultura na cidade de Corinto tem seus diferenciais. Entendemos por cultura o ‘ambiente artificial e secundário’ que o homem sobrepõe ao natural. Ela abrange a linguagem, hábitos, idéias, crenças, costumes, organização social, artefatos herdados, processos técnicos e valores. Assim toda cultura tem os seus traços divinos e diabólicos. Estes traços podem ajudar a espalhar ou impedir a pregação do evangelho e do Reino de Deus. No texto de Corinto está havendo a “regulamentação” do culto na Igreja de Corinto, pois havia um problema cultural
Imaginamos que os cristãos poderiam estar vivendo dificuldades quando cultuavam. Possivelmente na carta que a igreja enviou a Paulo, tenha pedido orientações para solucionar esta situação. Cristãos convertidos e vindos das religiões de mistério e outros das sinagogas. Numa religião a ênfase é o êxtase, as emoções, o descontrole, a desordem, gritaria. Na outra é o excesso de cuidados. As mulheres do Acrocorinto eram as sacerdotisas e comandavam a adoração. Na sinagoga o judeu orava agradecendo a Deus por não ter nascido mulher e os homens eram os que organizavam os rituais. Você pode imaginar as dificuldades no culto?
Agora se pode começar a entender a orientação de Paulo na igreja. A igreja cristã era influenciada fortemente pela sinagoga. A mesma seguia o modelo mais conhecido por Paulo que era da sinagoga. Foi de lá que vieram os primeiros convertido. Foi neste modelo que nasceram os cristãos gentios
A sinagoga dividia os adoradores por meio da mechitza. Estas divisões forneceram uma separação com o objetivo dos adoradores evitassem as muitas distrações possíveis. Era uma divisória que separava os adoradores por sexo e não se confundir nas orações fruto das distrações Acredita-se que o costume da separação entre sexos na sinagoga é derivado do culto no templo. A sinagoga tomando como base os ensinamentos da Torá, homens e mulheres não oram juntos. Isso se reporta à época do Templo Sagrado, quando havia seções separadas para homens e mulheres. Hoje é impossível encontrar uma mulher judia de formação ortodoxa que se recuse a orar com uma mechitzá, divisória. Já arriscou perguntar a um rabino qual é a verdadeira razão desta divisória? A resposta pode ser interessante. Este rabino dirá que as mulheres foram criadas com uma sensibilidade espiritualmente aguçada. Possuem um poder de concentração nato. E pasme: a mechitzá foi criada para os homens, não para as mulheres!. Segundo os rabinos as mulheres tiravam a concentração dos homens. Isso acontece até hoje http://www.artisansofthevalley.com/bi_rl_mechitza.shtml
A luz deste contexto cultural imagine as mulheres numa reunião (assembléia) cristã onde elas estavam separadas. Onde os “ eventos” do culto aconteciam exclusivamente entre os homens e elas agora com uma “ situação privilegiada” da liberdade desta nova comunidade, “ causam desordem” pois elas desejam aprender a respeito do que acontece na liturgia. É este desordem que Paulo precisa orientar. Realmente as mulheres faziam “desordem” pois queriam aprender e as perguntas eram feitas durante o culto. Por isso o texto afirma 14 34-"permaneçam as mulheres em silêncio nas igrejas, pois não lhes é permitido falar; antes permaneçam em submissão, como diz a Lei."35-"Se quiserem aprender alguma coisa, que perguntem a seus maridos em casa; pois é vergonhoso uma mulher falar na igreja."
Quarto, A qual Lei Paulo se está referindo? Está relacionada ao Gênesis? Mas ali a questão é marido e mulher como família e não como “ organização de culto”. E as mulheres solteiras ou viúvas? Porque não há uma orientação clara. A resposta simples – a cultura local vai responder. Siga-se o costume
Quinto, é possível que Paulo esteja aqui citando a carta que a igreja estava enviando a respeito de diversas questões. Veja que o texto diz “pois não lhes é permitido falar;” e não “ eu não permito que as mulheres falem”, como em outros textos de orientação prática. Além do mais o texto que diz pois não lhes é permitido falar; pode se referir a um tipo de “ tagarelice” e não ao ato de “ profetizar”, pregar ,ensinar. Quando Paulo trata esses “atos pastorais” o apóstolo usa as palavras tecnicamente já conhecidas. Entendemos que neste caso é um momento de desordem por parte das mulheres. Por estarem separadas dos seus maridos por causa da divisória. Elas queriam perguntar algumas coisas com relação ao que estava acontecendo veja que o texto diz: Se quiserem aprender alguma coisa, que perguntem a seus maridos em casa. Eu imagino uma grande confusão no culto, tanto pelo alvoroço provocado pelos questionamentos das mulheres, e também não se pode esquecer que de outros tumultos fruto das “ manifestações carismáticas”. Basta ler o contexto do texto
Sexto, alguns afirmam e eu tenho visto que a mulher não pode ensinar na igreja e que esta deve estar calada em submissão ao seu marido e assim não pode falar na igreja. Embora que submissão ao marido não rouba o direito da mulher ensinar ou falar na igreja. Mas observemos que este texto de orientação litúrgica começa em 1a. Coríntios 11 mostra que a “mulher profetiza” (11:5). E ainda a orientação é que esta “profetiza” fale (14: 29 31). Pergunto, será que esta orientação que “falem dois ou três” é somente para homens. Se a mulher é profeta, é lógico que pode falar. E o texto ainda amplia o ministério da mulher, pois o profeta tem a autoridade de julgar a profecia (14:29). Então cabe perguntar: A profetiza pode “julgar” o profeta? . Noutras palavras aquele que emite um juízo tem “autoridade” sobre o profeta?
Concluindo, então a barreira do silêncio feminino na igreja está derrubada. A mulher como profeta pode trazer “a vontade de Deus” para o Seu povo e aqueles que devem ouvir são homens e mulheres. O preconceito não pode limitar os dons espirituais e habilitações divinas entregues as irmãs. Por isso diante da caminhada cristã a igreja cumpre o seu papel de reconhecer os “dons e ministérios”que o Senhor da Igreja deu a Sua igreja independente de gênero.
Na caminhada cristã e ministerial das colegas pastoras haverão sempre barreiras que são derrubadas. Isso é sinal de sucesso.