segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

VIOLENCIA DA MULHER OU CONTRA A MULHER?


 1ª. Tm: 2:11 A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição. 12 Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio. 13 Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. 14  E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão. 15 Salvar-se-á, porém, dando à luz filhos, se permanecer com modéstia na fé, no amor e na santificação

O texto acima é um dos textos que se usa para proibir a mulher ser pastora ou excercer algum cargo de autoridade. Alguns mais avesos as mudancas, sabendo que toda mudanca traz dores ou nos obriga sair da nossa zona de conforto, destacam deste  texto a seguinte frase" ...Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido,..."  Em uma postagem anterior ja falei um pouco do contexto do texto, que é importante conhecer, pois sem o conhecimento do texto vamos obrigar as mulheres a ter muitos filhos pois o texto sendo lido de forma literal afirma isto. Já escrevi e postei um artigo neste blog com o título " Um Texto Fora de Contexto que Virou Pretexto"   Lá no artigo apresentei alguns princípios para entender o texto em epigrafe. Será importante conhecer este principios antes de ler este post e assim você terá  uma melhor compreensão 
Como este é um dos textos clássicos para se opor ao ministerio pastoral da mulher e eu tambem tinha dificuldades de aceitar este pastorado por causa de este texto, decidi me arriscar em entender um pouco melhor. E dentro dos meus parcos conhecimentos de uma exegese aprofundada procurei melhores informações sobre o conceito autoridade neste texto. A seguir postarei uma imagem onde de forma gráfica procuro expor o que encontrei no  Novo Testamento a respeito dea palavra autoridade. Chama a atenção as diversas palavras  gregas que se traduzem como autoridade. Estas palavras  devem ser conhecidas para interpretar melhor as Escrituras neste assunto.



Como é observado no NT somente aqui aparece  esta palavra grega "autenthein" traduzida por autoridade. Mas veja que a proibição esta em exercer "autoridade violenta", embora que hoje rejeitamos qualquer tipo de violencia entre as pessoas, mas no inicio da igreja as situações sociais eram mui diferentes. Agora observe que é pedido que  a mulher nao seja violenta, ou exerca violencia sobre o homem. Por que? Que tal dar uma olhada no contexto dos primeiros séculos da igreja ou ainda observar as religioes gnosticas ou de misterios da época? Particularmente creio eu, que aqui se equivocan os anti-pastoras ao esquecer que as cartas foram frutos de um Sitz in Leben ou o contexto da vida.
Termino afirmando que este tipo de autoridade violenta não se condiz com a essencia do evangelho, que ensina que aquele que deseja ser maior sirva. Que aquele que deseja autoridade seja servo. Estou concluindo e pensando que na atualidade são as vocacionadas ao ministerio que lamentavelmente estão sofrendo violencia.  Por isso elas  estao praticando a autoridade que o evangelho exige mediante o serviço, enquanto os opositores ao pastorado feminino desejam preservar o poder caracteristico das organizações que procura o bem particular e nao o bem da comunidade.



segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

O SACRAMENTO DA ORDENAÇÃO PASTORAL




O SACRAMENTO DA ORDENAÇÃO PASTORAL
Uma reflexão no fim da tarde
            Nos últimos tempos a grande controvérsia num segmento do protestantismo evangélico tem sido o assunto da ordenação pastoral das mulheres. Tantos os favoráveis e contrários a dita ordenação levantam seus argumentos de forma infalíveis. Os recursos hermenêuticos, bíblicos, teológicos, são expostos em defesas das teses em particular. Mas a pergunta que procuro responder é, por que tanta celeuma sobre esta questão, a resposta que surge na minha pequena mente radica em duas palavras PODER e SAGRADO
            Os sacerdotes desde os primórdios da religião impunha sobre o povo o seu poder pois o homem via neste ser humano a possiblidade de se aproximar de Deus. Por isto o povo devia estar em uma boa relação com o sacerdote pois consequentemente estaria com o Deus da nação. Assim o poder e o sagrado era transmitido por meio das gerações para manter a exclusividade e dominio
            O cristianismo não ficou isento desta situação de viver entre o PODER e o SAGRADO. O rito da ordenação não é orientado no Novo Testamento, embora que há o reconhecimento de anciãos. No quarto século a teologia e o ministério era o domínio dos sacerdotes. Estes eram iniciados mediante o rito da ordenação feito pela imposição de mãos. Este rito dava início ao domínio do sagrado por parte daquele que foi ordenado.
            A imposição de mão tem o seu significado no NT como apoio, confirmação de um serviço mas nunca com uma instalação em algum cargo ou função. Foi no terceiro século que este rito foi formalizado e se criou toda a pompa que se oferece a um povo avido de conhecer aquele que o poderá ajudar a se aproximar do sagrado. E esta formalização da união do poder e do sagrado ministrada a um homem ingressou no cristianismo pela influência do mundo cívico do império romano. Mais tarde Agustín daria  valor a esta função ensinando qu este deve ser irretratável. Assim o cristianismo passou a dividir o povo entre clero e laicos. E somente este clero ordenado podia entregar os sacramentos ao povo
            A controvérsia atual da ordenação das mulheres não somente apresenta uma árdua luta para conquistar este espaço mas se comprova mais uma vez que PODER e SAGRADO no mundo religioso é o binômio que orienta o cristianismo atual. Precisamos de lembrar que o evangelho de Jesus é pautado pelo SERVIÇO ao PRÓXIMO algo que as mulheres sabem fazer muito bem. Será que aqui radica a crise? Sera que essa disputa faz afastar aos milhares, os quais sao conhecidos como os sem igrejas e que se reunem nas casas?.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

COM QUE AUTORIDADE AS MULHERES FALAM NA IGREJA?


Prezadas irmãs e colegas
  Volto a escrever uma pequena e simples reflexão para ajudar na melhor compreensão do glorioso ministério pastoral exercido pelas mulheres.

        Não há duvidas, hoje a mulher tem alcançado o espaço que sempre foi lhe dado por Deus. Diversas barreiras através dos tempos têm sido derrubadas. Barreiras tais como: sistemas culturais, sociais, preconceitos, machismo, misoginia. Mas ainda há barreiras nos lugares onde o modelo da igualdade e serviço deveria ser modelo – A Igreja – Aliás, talvez seja mais correto dizer que são os pastores destas comunidades que levam estas igrejas a se posicionarem contrárias ao chamado de Deus dado as mulheres para o ministério pastoral
Uma das marcas bíblicas que indicam o envolvimento da mulher em função de liderança, de autoridade, do cuidado pastoral é a figura da profetiza (profeta). O Novo Testamento oferece orientações claras para esta função. Informações tais como: quem capacita, o que é profecia, o valor e função do profeta, etc. Então vamos a definir os termos para que não aconteça com aqueles que não concordam com o pastorado feminino, pois as vezes no lugar de definir os termos, ele conseguem “confundir os termos”.Vejamos
      Profeta ou profetiza. A Bíblia, tanto no Novo e Antigo Testamento, apresenta mulheres com esta função. O Dicionário de Strong afirma que o profeta “ ...de forma solene declara aos homens aquilo que recebeu pela inspiração. Fala de forma especial a respeito dos eventos futuros, e em particular se relaciona com a causa do reino de Deus e a salvação da humanidade...São pessoas cheias do Espírito de Deus que com autoridade nas suas palavras defendem a causa do Deus e chamam a salvação dos homens ... Estes são associados com os apóstolos e foram movidos pelo Espírito Santo para falar, tendo o poder instruir, consolar, incentivar, repreender, condenar, e estimular, seus ouvintes”
        O Novo Testamento afirma em Efésios 2:20 “Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina e em Apocalipse 18:20 Alegra-te sobre ela, ó céu, e vós, santos apóstolos e profetas; porque já Deus julgou a vossa causa quanto a ela” A questão que deve ser levantada quem são os “apóstolos e profetas”? Estes dois ministérios são apontados como o “fundamento” no qual a Igreja do Senhor é edificada. Este ministério apostólico e profético faz parte da base da Igreja que tem o Senhor Jesus como a “principal pedra”. O apóstolo dos gentios ainda descreve em Efésios 4:11 a fonte que origina os ministérios e especificamente este ministério profético ”E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores” São ministérios da igreja e que foram entregue `à mesma através dos seus membros para o crescimento e edificação. A pergunta que pode ser levantada é: todos estes ministérios devem ser exercidos por homens? Se a resposta for afirmativa então, as mulheres devem ficar “caladas nas igrejas” “não ensinar” como Paulo orientou. Mas sabemos que esta resposta afirmativa é impossível. Então o ministério do profeta (profetiza) junto com os dos apóstolos é base para a edificação da igreja.
                Quando se olha a concepção no judaísmo do oficio profético podemos entender melhor o destaque que Paulo dá a este dom. Isso é válido até os dias de hoje Maimônides, codificador rabínico, relaciona a profecia como um dos 13 alicerces da fé judaica que Deus Se comunica com a humanidade por meio da profecia. Esse destaque paulino nasce como fruto da formação religiosa do apóstolo. Paulo à luz da revelação de Jesus orientou o ministério do profeta na vida das igrejas de forma ampla. Os profetas eram escolhidos por Deus e tinham enorme autoridade religiosa e influência. No judaísmo normalmente, eles eram tidos como conselheiros e instrutores da Lei de Deus.
Não há duvidas que hajam mulheres que profetizam, pois Paulo já dizia isso, e para isso ele orienta a igreja em Corinto, 11:5 “Mas toda a mulher que ora ou profetiza...” Creio que este texto não precisa de comentários pela clareza em relação a profetiza. Ainda Paulo escreve, pois qualquer um podia ter uma “palavra de revelação” ou como a Bíblia na Linguagem de Hoje indica: “No caso de dois ou três receberem a mensagem de Deus, estes devem falar”. Sem dúvida que esta palavra de revelação deve ser relacionada ao texto que orienta os profetas 1aCo:14:29-33ª (NVI); destacamos algumas frases: “tratando-se de profetas, falem dois ou três”; “se vier uma revelação a alguém que está sentado, cale-se o primeiro”; “todos podem profetizar”; “todos sejam instruídos e encorajados” Talvez alguma coisa análoga ao que Ele revelou ao profeta” (MORRIS, Leon; I Coríntios: Introdução e Comentário, p. 160). O objetivo da revelação era para que “todos aprendam e todos sejam consolados...” (14:31b, IBB), pois esta palavra seria submetida ao julgamento da congregação ou dos outros profetas.
            A diferença com a revelação canônica dar-se-ia que esta é uma revelação redentora ou que apresenta o Deus bondoso, misericordioso e a possibilidade do homem se aproximar dEle através de Jesus, e a revelação indicada no texto em estudo, é a pratica daqueles que foram alcançados pelo amor redentor para o momento no qual a comunidade esta vivendo. Algo que traz consolo e ensino, direção para a situação do momento. Edificação
Paulo já tinha dado algumas recomendações relacionadas ao assunto do profeta ou mensageiro que trazia a revelação através da mensagem. Ele já tinha dito que a mensagem profética ou mensagem de Deus era: “para edificação, exortação e consolação”(Cf.1aCo:14:3,IBB), ou ainda “Porém quem anuncia a mensagem de Deus fala as pessoas, ajudando-as, dando-lhes coragem e conforto”(BLH). Nos textos em 1a.Corintios:14:29-33a, o apóstolo volta a falar no assunto e ensinar que um dos elementos do culto é a revelação trazida pelo mensageiro de Deus (profeta) e que esta mensagem divina deveria ser aplicável a vida dos ouvintes (Cf.1aCo:14:24-25). Era o Espírito Santo comunicando alguma coisa através de alguém, como Barclay escreve, BARCLAY, William; The Letters to the Corinthians. The Westminster Press, p.134) “(...) neste estágio não havia ministros locais profissionais. Estava aberto para qualquer um usar o dom que possuía” . Não deve ser esquecido que o profissionalismo apontava a hierarquia sacerdotal judaica tanto na sinagoga como no templo e como no post anterior já foi mencionado.
            Paulo sugere que todos os corintios tinham a liberdade de profetizar - presumindo que eles haviam recebido o dom de profecia. Deus faz profetas, o homem não. A liberdade de expressão é dada onde o dom é dado. Este versículo precisa significar que o dom da profecia é exercido por mais do que um grupo de seletos (cf.12:28,29). Pelo menos Paulo está dizendo que a profecia se relaciona com uma mensagem que Deus dá, e Deus tem a liberdade de escolher os seus mensageiros como quer. Conseqüentemente, qualquer crente pode receber o dom da profecia (Cf. At:2:16-18). Deus tem a liberdade de dar, a pessoas diferentes, mensagens diferentes, em ocasiões diferentes. É muito improvável, todavia, que todos os membros da igreja em Corinto exercessem o dom da profecia ALLEN, Clifton J.(editor) Comentário Bíblico Broadman. Rio de Janeiro. JUERP, p.445
Esta mensagem trazida para encorajar e consolar os cristãos, era uma mensagem inteligível. Aqui está em contraposição à manifestação das línguas. É pela inteligibilidade da mensagem que esta podia ser chamada de “personalização da palavra”.
Embora a atenção do leitor de I Corintios 14 se volte imediatamente para o fato do dom de línguas, vale a pena dar uma idéia do que Paulo entendia por profecia. Profecia significa primeiramente pregação (v.24-40). Era o anúncio (como o verbo e o substantivo grego indicam) da boa nova, do evangelho. A apresentação do kérigma apostólico, do qual 15:1-4 é excelente exemplo. Profecia não significa, para Paulo, ensinar tópicos de ortodoxia. Significa a tradução da fé cristã em termos de situação do crente, com o objetivo de levá-lo a viver como Cristo viveu (Gl:2:20). (...)Pregação é auxilio profético para traduzir isto na vida desta semana (BITTENCOURT, B.P.; Problemas de Uma Igreja Local. JUERP. p.85
. O que vemos no Antigo Testamento é o profeta trazendo a palavra divina aos homens, brilhando como luz nas trevas, pois é assim também que o apóstolo Pedro entendia esta função, pois ele escreve: “Assim, temos ainda mais firme a palavra dos profetas, e vocês farão bem se a ela prestarem atenção, como a uma candeia que brilha em lugar escuro...”(2aPe:1:19,NVI). Também Campbell Morgan (MORGAN, G. Campbell; El Ministério de la Predicación. Barcelona. CLIE, p.44-55) escreve, “o profeta é chamado, sobretudo para mostrar a relação da verdade com as coisas temporais (...) O propósito do seu ministério era sempre o de produzir resultados imediatos nas vidas daqueles aos quais dirigia as suas palavras(...)era produzir efeitos morais imediatos e não proporcionar satisfação intelectual.” Temos assim que os profetas foram conhecidos como historiadores, por isso os livros históricos do Antigo Testamento são colocados na divisão dos profetas, pois a “profecia era também a interpretação da história”, pois o profeta é aquele que “recebe de Deus a mesma mensagem que a sua geração precisa ouvir.
“Estas mensagens constituem luz em lugares escuros e os homens fazem bem em ouvi-la” pois a mensagem está “caracterizada sempre por aplicações nacionais e sociais(...) o profeta (...) vê claramente todo o movimento da vida humana, e sua mensagem tem à ver com todas as relações e responsabilidades humanas e estas sendo condicionadas dentro da vontade de Deus”.Por tudo isto, o ofício profético, segundo as Escrituras, torna-se essencial e necessário, “especialmente nos dias de tumulto e crises nos assuntos humanos”
Concluindo, temos agora uma segunda barreira derrubada. Anteriormente falamos do “silêncio imposto” que as mulheres vêm sofrendo baseados num texto que virou pretexto e que nada orienta sobre o ministério pastoral ou de liderança. É evidente que a autoridade da profetiza está baseado no seu chamado de Deus, na sua função orientada por Deus, que segundo Paulo escreve em Efésios, é colocado como sendo central e básico e ainda é colocado em parceria com os apóstolos. A autoridade dada ao profeta ou profetiza não é dada por homens ou alguma instituição humana mas pela escolha de Deus e oferecida à vida da igreja. Não há porque silenciar uma função do corpo de Cristo que é fundamental para o crescimento e edificação da Igreja. É Paulo que afirma e ensina isto.

Fiquem na paz do Senhor da Igreja e do ministério pastoral
Pr. José Miguel M. Aguilera
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quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

AS MULHERES ESTEJAM CALADAS NAS IGREJAS..

1ª.Co: 14: 34 as mulheres estejam caladas nas igrejas; pois não lhes é permitido falar, mas estejam em sujeição, como também diz a Lei. 35 Se, porém, querem aprender alguma coisa, perguntem-na em casa a seus maridos; porque é vergonhoso para uma mulher o falar na igreja.

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Prezadas irmãs e colegas pastoras
            Tem sido muito bom escrever estes post  pois sou desafiado a estudar os textos bíblicos novamente.Descubro novas coisas, confirmo as conclusões anteriores, modificam-se outras. No entanto, nada me fez mudar  a respeito do pastorado feminino. As práticas do culto, as culturais e sociais vão mudando e por isso devemos procurar nas Escrituras e especificamente no Novo Testamento como estas práticas são avaliadas pelo texto bíblico. Há situações que  não foram cristalizadas ou encerradas num axioma eterno.Estas precisam serem estudadas sempre. Isso valoriza a palavra de Deus e ainda confirma que a Palavra é viva.
            Temos agora outro texto que sobejamente é usado para orientar às mulheres a não exercerem um ministério público de ensino ou o ministério pastoral. Este  texto  paulino me faz lembrar o inicio da minha carreira cristã. Embora jovem, eu  entendia, à luz deste texto que a mulher devia sempre estar calada. Mas como faz bem o estudo da palavra, pois foi o estudo da Palavra que me conduziu a entender o ministério feminino e especificamente o ministério pastoral. Entendi que este texto não me  orientava a ser um repressor do ministério feminino e especificamente pastoral. Então vamos dar uma olhada neste texto. Esta análise será um pouco mais longa
            Paulo orienta o culto na cidade de Corinto. Cidade cosmopolita, com suas diversas religiões de mistérios, diversos deuses, e  o famoso templo no Acrocorinto onde as sacerdotisas sexuais praticavam os seus cultos. Por outro lado estavam a sinagoga judaica com a sua ordem de culto programada e pautada pelo rígido controle e ao mesmo tempo com os seus oficiais religiosos. Destes dois mundos religiosos a novel igreja cristã recebe os seus membros nascido de novo. Não se pode negar que esta igreja precisava de orientação litúrgica. A crise que os cristãos poderiam estar vivendo quando cultuavam. Cristãos convertidos e vindos das Religiões de mistério e outros das sinagogas. Numa religião a ênfase é o êxtase, as emoções, o descontrole, a desordem, gritaria. Na outra  é o excesso de cuidados, a sistematização, silêncio
            Destaquemos alguns pontos: Primeiro, o texto é uma  orientação do culto de adoração e não de alguma hierarquia eclesiástica. Noutras palavras, o texto não trata a questão ministério pastoral feminino. É uma orientação  para que a congregação  saiba como se comportar no culto especialmente as mulheres casadas
            Segundo, o texto não fala sobre pregação, ensino ou outro ministério especifico. Neste texto,Paulo não proíbe a participação da mulher no culto, pois em 11: 5 o mesmo  orienta como a mulher deve “orar e profetizar”. O Léxico de Strong afirma que profetizar é ensinar, admoestar, repreender, consolar,, noutras palavras aquilo que toda pregação deve ter como alvo. Então é simples concluir que a mulher pode pregar/ensinar. Geralmente estas ações são tidas como  parte da função pastoral
            Terceiro, é necessário transpor o abismo cultural, pois a cultura  na cidade de Corinto tem seus diferenciais. Entendemos por cultura o ‘ambiente artificial e secundário’ que o homem sobrepõe ao natural. Ela abrange a linguagem, hábitos, idéias, crenças, costumes, organização social, artefatos herdados, processos técnicos e valores. Assim toda cultura tem os seus traços divinos e diabólicos. Estes traços podem ajudar a espalhar ou impedir a pregação do evangelho e do Reino de Deus. No texto de Corinto está havendo a “regulamentação” do culto  na Igreja de Corinto, pois havia um problema cultural
Imaginamos  que os cristãos poderiam estar vivendo dificuldades quando cultuavam. Possivelmente  na carta que a igreja enviou a Paulo, tenha pedido orientações para solucionar esta situação. Cristãos convertidos e vindos das religiões de mistério e outros das sinagogas. Numa religião a ênfase é o êxtase, as emoções, o descontrole, a desordem, gritaria. Na outra  é o excesso de cuidados. As mulheres do Acrocorinto eram as sacerdotisas e comandavam a adoração. Na sinagoga o judeu orava agradecendo a Deus por não ter nascido mulher e os homens eram os que  organizavam os rituais. Você pode imaginar as dificuldades no culto?
Agora se pode começar a entender a orientação de Paulo na igreja. A  igreja cristã era influenciada fortemente pela sinagoga. A mesma seguia o modelo mais conhecido por Paulo que era da sinagoga. Foi de lá que vieram os primeiros convertido. Foi neste modelo que nasceram os cristãos gentios
 A sinagoga dividia os adoradores por meio da mechitza. Estas divisões forneceram uma separação com o objetivo dos adoradores evitassem as muitas distrações possíveis. Era uma divisória que separava os adoradores por sexo e não se confundir nas orações fruto das distrações  Acredita-se que o costume da separação entre sexos na sinagoga é derivado do culto no templo. A sinagoga tomando como base os ensinamentos da Torá, homens e mulheres não oram juntos. Isso se reporta à época do Templo Sagrado, quando havia seções separadas para homens e mulheres. Hoje é  impossível  encontrar uma mulher judia de formação ortodoxa que se recuse a orar com uma mechitzá, divisória. Já arriscou perguntar a um rabino qual é a verdadeira razão desta divisória? A resposta pode ser interessante. Este rabino dirá que as mulheres foram criadas com uma sensibilidade espiritualmente aguçada. Possuem um poder de concentração nato. E pasme: a mechitzá foi criada para os homens, não para as mulheres!. Segundo os rabinos as mulheres tiravam a concentração dos homens. Isso acontece até hoje http://www.artisansofthevalley.com/bi_rl_mechitza.shtml
A luz deste contexto cultural  imagine as mulheres numa  reunião (assembléia) cristã onde elas estavam separadas. Onde os “ eventos” do culto aconteciam exclusivamente entre os homens e elas agora com uma “ situação privilegiada”  da liberdade desta nova comunidade,  “ causam desordem”  pois elas desejam aprender a respeito do que acontece na liturgia. É este desordem que Paulo precisa orientar. Realmente as mulheres faziam “desordem” pois queriam aprender e as perguntas eram feitas durante o culto. Por isso o texto afirma 14 34-"permaneçam as mulheres em silêncio nas igrejas, pois não lhes é permitido falar; antes permaneçam em submissão, como diz a Lei."35-"Se quiserem aprender alguma coisa, que perguntem a seus maridos em casa; pois é vergonhoso uma mulher falar na igreja."
            Quarto,  A qual Lei Paulo se está referindo? Está relacionada ao Gênesis? Mas ali a questão é marido e mulher como família e não como “ organização de culto”.  E as mulheres solteiras ou viúvas? Porque não há uma orientação clara. A resposta simples – a cultura local vai responder. Siga-se o costume
            Quinto, é  possível que Paulo esteja aqui citando a carta que a igreja estava enviando a respeito de diversas questões. Veja que o texto diz “pois não lhes é permitido falar;”  e não “ eu não permito que as mulheres falem”, como em outros textos de orientação prática.  Além do mais o texto que diz pois não lhes é permitido falar; pode se referir a um tipo de “ tagarelice” e não ao ato de “ profetizar”, pregar ,ensinar. Quando Paulo trata esses “atos pastorais” o apóstolo usa as palavras tecnicamente já conhecidas. Entendemos que neste caso é um momento de desordem por parte das mulheres. Por estarem separadas dos seus maridos por causa da divisória. Elas queriam perguntar algumas coisas com relação ao que estava acontecendo veja que o texto diz:  Se quiserem aprender alguma coisa, que perguntem a seus maridos em casa.  Eu imagino uma grande confusão no culto, tanto pelo alvoroço provocado pelos questionamentos das mulheres, e também não se pode esquecer que de outros tumultos fruto das “ manifestações carismáticas”. Basta ler o contexto do texto
           Sexto,  alguns afirmam e eu  tenho visto que a mulher não pode ensinar na igreja e que esta deve estar calada  em submissão ao seu marido e  assim  não pode falar na igreja. Embora que submissão ao marido  não rouba o direito da mulher ensinar ou falar na igreja. Mas observemos que este texto de orientação litúrgica  começa em 1a. Coríntios 11 mostra que a “mulher profetiza” (11:5). E ainda a orientação é que esta “profetiza” fale (14: 29 31). Pergunto, será que esta orientação que “falem dois ou três” é somente para homens. Se a mulher é profeta, é lógico que pode falar. E o texto ainda amplia o ministério da mulher, pois o profeta tem a autoridade de julgar a profecia (14:29). Então cabe perguntar: A  profetiza  pode “julgar” o profeta? . Noutras palavras aquele que  emite um juízo tem “autoridade” sobre o profeta?
            Concluindo, então a barreira do silêncio feminino na igreja está derrubada. A mulher como profeta pode trazer “a vontade de Deus” para o Seu povo e aqueles que devem ouvir são homens e mulheres. O preconceito não  pode limitar os dons espirituais e habilitações divinas entregues as irmãs. Por isso diante da caminhada cristã a igreja cumpre o seu papel de reconhecer os “dons e ministérios”que o Senhor da Igreja deu a Sua igreja independente de gênero.
            Na caminhada cristã e ministerial das colegas pastoras haverão sempre barreiras que são derrubadas. Isso é sinal de sucesso.
A graça do Senhor seja sobre os nossos ministérios. Abraços do seu colega e amigo
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sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

UM TEXTO FORA DE CONTEXTO QUE VIROU PRETEXTO


 1ª. Tm: 2:11 A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição. 12 Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio. 13 Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. 14  E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão. 15 Salvar-se-á, porém, dando à luz filhos, se permanecer com modéstia na fé, no amor e na santificação.
Prezadas pastoras
Com certeza este texto supracitado deve ter sido usado centena de vezes para questionarem seu ministério e oficio pastoral. Imagino como foi o bombardeio de idéias e criticas nada caridosas. E eu sei que isso deve acontecer até hoje.
Confesso que este foi um texto que me impedia aceitar o ministério feminino, especialmente quando se relacionava ao ministério pastoral. Mas quando fui convidado participar num debate, onde eu defenderia o pastorado feminino, o meu medo acabou. Após estudos e oração cheguei a uma total convicção de que a mulher também pode exercer o pastorado. Neste e nos próximos post estarei tratando este texto e outras questões sobre o tema. Espero ser coerente no método hermenêutico, seguindo pressupostos claros  e o mais próximo dos contextos: histórico, lingüístico, gramatical, teológico,social, cultural etc. Isso deve ser feito pois a maior falácia na exegese, segundo D. Carson é o uso de uma palavra isolada do seu contexto geral.
O pesquisador bíblico deve fazer a primeira pergunta ao texto: Qual foi a possível compreensão que o primeiro ouvinte ou leitor teve quando se encontro com esta orientação? Qual foi a compreensão do “primeiro leitor” quando leu o texto pela primeira vez? Para achar a resposta,  se requer um pouco  de esforço para  observar os círculos hermenêuticos da compreensão do texto; visto que o texto  não foi escrito primeiramente para o leitor do século XXI Então avancemos
Primeiro, o texto nada diz a respeito da função pastoral, de algum  tipo de liderança ou de alguma atividade cúltica congregacional.  Embora trate de exercícios espirituais estes não são atos exclusivos das  reuniões cúlticas
Segundo, O versículo  12  na sua estrutura literária paulina é um parênteses . Também temos neste texto um quiasmo (Cf Tyndale Bulletin 44.1 (1993) 129-142.). Isso  fica mais claro na leitura do texto grego. Este dá  a entender que a ênfase do texto não está no ensinar mas que a mulher deve aprender da parte do marido. Por isso  não trata a questão da “autoridade de liderança eclesial”.  Se assim fosse a mulher não ensinaria  nem lideraria em nenhum lugar nem mesmo as mulheres.
Terceiro, Deve ser observado o contexto anterior, neste caso os  textos 2:3-7. O tema é soteriológico e não eclesiológico. O versículo 15 também trata uma questão soteriologica de difícil interpretação. As versões modernas colocam como cabeçalho alguns temas eclesiológicos os quais o texto não trata. Sabemos que Paulo escrevia cartas literárias e não textos divididos por capítulos e versículos. Esses cabeçalhos conduzem o leitor equivocadamente nalgumas interpretações como é neste caso
Quarto, Sendo o assunto  ligado a soteriologia e  também desde o inicio Paulo esta falando de “falsos mestres”; “falsos ensinos” (1:3-4) então deve ser procurada a interpretação do texto supracitado nesta vertente de ensino soteriológico na igreja o relacionado. com o problema da cidade e da igreja. O texto paulino deve ser entendido à luz do contexto apologético que Paulo trata e não de questões de "autoridade pastoral"
Desta forma o texto deve ser entendido  relacionado-o  aos ensinos gnósticos  que eram pregados na cidade de Éfeso. Ao mesmo tempo sem esquecer a participação do ensino e aprendizado das mulheres no mundo  gnóstico e das religiões de mistério. Desta forma haverá mais luz na  compreensão do ensino paulino relacionado a mulher neste texto. Como foi dito o texto  não trata de  questões de liderança e de oficio pastoral.
Quinto, Geralmente a discussão tem sido focada exclusivamente no uso da palavra “autoridade”. Embora toda palavra deve ser entendida dentro da construção duma frase é importante afirmar que o NT grego usa diversas palavras que na língua portuguesa são traduzidas como “autoridade”. A palavra usada aqui não é usada noutro lugar do NT grego e o seu uso é raro no grego clássico. Isso também deve ser considerado. Por que este hapax legomena? Este ponto será tratado noutro post
 Concluo que aqueles que usam este texto para se opor ao ministério pastoral da mulher estão usando texto fora de contexto e assim  têm um pretexto para não ordenar mulher na função pastoral. Lamentavelmente o tradicionalismo religioso tem cegado muitos cristãos na compreensão exegética da bíblia. Arvorando-se como aqueles que obedecem as Escrituras Sagradas esquecem-se dos abismos hermenêuticos que existem na leitura e interpretação dos textos.
Desejo as minhas colegas pastoras sucesso na empreitada ministerial. Esta já é difícil no mundo contemporâneo. Porém, é mais triste  quando os obstáculos advém do mesmo lado. Sucesso e vitorias
Pr. José Miguel Aguilera
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domingo, 6 de dezembro de 2009

CARTA ABERTA AS PASTORAS DE IGREJAS BATISTAS DA CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA

Prezadas irmãs
Tenho visto, lido e analisado a luta que as irmãs e pastoras do rebanho de Deus vivenciam hoje. Também observo a deselegância com que pastoras têm sido tratadas por alguns pastores batistas diante do ministério pastoral que as irmãs exercem. Como pastor batista, aprovado, ordenado pela igreja e por um concilio, sinto-me incomodado pelo que as irmãs vivenciam atualmente no desenvolvimento do ministério que o Senhor da Igreja lhes confiou. Por isso decidi escrever estas linhas para que de alguma maneira, mesmo que mínima, as irmãs sintam e vejam que há um grande numero de pastores batistas da CBB (Convenção Batista Brasileira) e tenho certeza que é a maioria, pois isso é comprovado pelas seções estaduais da OPBB (Ordem dos Pastores Batistas do Brasil) que aprovam o ministério pastoral da mulher.
Fruto de uma interpretação bíblica xiita, fundamentalista, alguns pastores batistas rejeitam o ministério pastoral da mulher. No estrabismo teológico, estes colegas, não conseguem enxergar e muito menos interpretar o texto bíblico dentro do seu contexto histórico e social e trazer para o século XXI a sua aplicação. Preferem e desejam continuar a viver o primeiro século na vida das igrejas, especificamente o mundo patriarcal e social da primeira geração de cristãos. Mas também deveriam ensinar e praticar a distribuição dos bens que a igreja vivenciava nesse tempo, uso do véu, o silêncio total das mulheres na igreja. Mas nestas questões se aplicam a famosa frase, “esse é um texto histórico e que se aplica à aquela época”. Esta é uma hermenêutica dúbia e interesseira. A rejeição do pastorado feminino segundo os seus oponontes tem como objetivo manter um padrão bíblico, mas na realidade estes desejam manter o domínio masculino e subjugar o florescente, dinâmico e gracioso ministério do pastoreio que as irmãs exercem. Sem dúvidas, estão com medo
Como pastor batista (28 anos)e membro da uma igreja batista da CBB, que é cooperante com os desafios denominacionais; animo as irmãs a continuarem na sua luta. As irmãs foram reconhecidas pela igreja local, que está inserida na CBB, logo as irmãs são pastoras batistas de igrejas da CBB com amplo direito de serem convidadas a exercerem o ministério pastoral em qualquer igreja batista da CBB que assim desejar ter uma pastora.
Como pastor e colegas das irmãs as incentivo a continuarem no desenvolvimento do seu ministério pastoral sob a égide do Espírito Santo. Rogamos a Deus que aqueles que se opõe ao ministério pastoral feminino venham um dia a estender a destra de comunhão. E que estes consigam se libertar do medo de perder um pseudo poder, perder o destaque e ainda consigam descer do palco da soberba e aprendam com o Senhor da Igreja que ama a todos e que Ele como cabeça da Igreja ensinou que não há homem nem mulher no seu Corpo mas servos do Senhor que são chamados a servir e não dominar
Na graça do Senhor e no caminho do Reino de Deus.
Até breve
Pr. José Miguel M. Aguilera
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